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Branca de Neve: Rachel Zegler brilha e Gal Gadot deixa a desejar em remake competente

  • Foto do escritor: Fabrício Girão
    Fabrício Girão
  • 19 de mar.
  • 5 min de leitura

Envolto em polêmicas, live-action chega aos cinemas brasileiros nesta semana e acerta em repaginar animação clássica sem desrespeitá-la.

Divulgação/Walt Disney Studios
Divulgação/Walt Disney Studios

Chega até ser um pouco estranho dizer que Branca de Neve, remake em live-action de um dos maiores e mais importantes filmes de animação da história, enfim estreia nos cinemas nesta quinta-feira (20). Foram anos (muito cansativos, por sinal) marcados por uma sucessão de polêmicas desde comentários de Rachel Zegler, falas de Gal Gadot e controvérsias na própria produção, como o caso dos Sete Anões.


Apesar de tudo isso ter provocado uma grande má vontade em parte do público com o filme, o novo Branca de Neve é um remake competente que encontra possibilidades para atualizar a história da animação sem fazer pouco dela. É um filme nos moldes dos outros live-actions do estúdio, principalmente os do boom dos anos 2010, para o bem e para o mal.



O resultado, em boa parte satisfatório, se deve principalmente ao talento magnético de Rachel Zegler, que interpreta a primeira princesa da Disney com toda a doçura e a voz angelical da personagem, duas de suas maiores características. A nova Branca de Neve é de fato mais "cheia de opiniões", como coloca a própria Rainha Má, mas o desenvolvimento da personalidade dela nunca chega a comprometer os traços doces da princesa.


O que acaba prejudicando bastante a experiência é o ritmo inconstante do filme, que parece não ter controle ou critério para alternar entre cenas de drama, perigo, comédia ou música. As transições são abruptas e, por muitas vezes, diminuem o impacto de certos acontecimentos. Além disso, o CGI escolhido para dar vida aos Sete Anões é bizarro na maior parte do tempo, o que sempre causa estranheza.


Divulgação/Walt Disney Studios
Divulgação/Walt Disney Studios

Branca de Neve e Rainha Má


Tão criticada antes mesmo das filmagens começarem, Rachel Zegler se mostra o principal trunfo de Branca de Neve, não só por incorporar bem o que faz da princesa uma personagem tão celebrada por quase um século, mas por ajudar a construir nela novas dimensões de personalidade que a trazem para o tempo presente, sem que ela perca sua essência. A voz de Rachel em Waiting on a Wish e a interação impecável com os personagens em Whistle While You Work são o suficiente para convencer qualquer crítico de que ela foi a escolha perfeita para o papel.



Por outro lado, Gal Gadot não consegue levar a Rainha Má para além da caricatura. A atriz até convence com a presença intimidadora em cena, com olhares fatais para seus adversários, mas não é capaz de colocar essa ameaça em seus diálogos, entregando falas com a entonação sempre muito forçada. O filme sempre enfraquece quando ela está na tela e a cena musical da Rainha, All is Fair, é um dos piores momentos do longa. O que era pra ser extravagante e irônico vira um show de vergonha alheia, e os vocais da atriz também não ajudam.


Apesar disso, Gal Gadot compensa um pouco do desempenho ruim em suas rápidas cenas como a Bruxa Velha. Irreconhecível no visual, ela evoca uma persona mais assustadora e deixa a cena em que interage com Branca de Neve bem interessante.



Deve ser Você


Branca de Neve segue a história da animação quase à risca, com a adição de alguns novos elementos que contextualizam melhor a história do reino e sua relação com a tirania da Rainha Má. Jonathan (Andrew Burnap) e seu grupo de bandidos são os principais responsáveis por boa parte dessas novidades na história, que acabam por ser muito bem-vindas.



Pode parecer surpreendente, dadas as polêmicas sobre como o clássico seria atualizado, mas Branca de Neve é um filme muito romântico. O romance tem papel central na jornada da protagonista, e a história de Branca e Jonathan é contada com muito sentimento. Rachel e Andrew garantem a química, os compositores Pasek e Paul garantem um dueto muito bonito em A Hand Meets a Hand e a história de amor já fica bem encaminhada.


Divulgação
Divulgação/Walt Disney Studios

Os limites da magia


É impossível falar desse novo Branca de Neve e não mencionar os Sete Anões de CGI, uma das decisões criativas mais controversas da Disney na memória recente, e que deve se consolidar como uma de suas piores. Na teoria, Mestre, Zangado, Dunga, Soneca, Dengoso, Feliz e Atchim mantém semelhanças com suas versões do clássico de 1937, especialmente nas feições exageradas. Já na prática, eles são muito, muito bizarros. E essa estranheza distrai em praticamente essa cena em que eles estão.


Em contrapartida, o filme faz um esforço até bem positivo em deixá-los o mais amáveis o possível, o que ajuda a deixar os personagens um pouco mais agradáveis. Eles reproduzem o espírito bobo e atrapalhado dos anões na animação, e muito da comédia do filme vem deles. Ao mesmo tempo, há um fortalecimento do vínculo entre eles e Branca de Neve, o que deixa a relação mais forte.



Entre as questões com Gal Gadot e essa bola fora com os Sete Anões, Branca de Neve ainda sofre com um ritmo muito inconsistente, não só na forma com que as cenas vão se sucedendo mas no tom que muda muito rápido e de forma constante. Com dito anteriormente, as novas adições à história e as novas canções são ótimas em sua maioria, mas o esforço em encaixá-las na trama pré-definida pela animação faz com que o todo não flua muito bem. Cenas de perigo são rapidamente subvertidas por alívios cômicos mal colocados, dramas são atenuados quando uma música começa sem muito espaço de respiro e por aí vai.


De forma geral, o visual do filme encanta entre os cenários luxuosos do castelo, o aconchego da cabana dos Sete Anões e as cores vivas nas minas e na floresta, mesmo que o diretor Marc Webb (que faz um trabalho protocolar) não exiba muita criatividade na forma com que escolhe filmar esse mundo mágico.


Divulgação/Walt Disney Studios
Divulgação/Walt Disney Studios

Quem é a mais bela?


Branca de Neve é um live-action competente, mas que não vai muito além disso. Se existia um receio de que a busca por modernizar uma história atemporal pudesse tirar sua essência, ele desaparece à medida em que o filme avança. Todos os principais elementos da animação estão lá, ainda que em uma nova roupagem. Há beleza no universo construído e na atuação muito certeira de Rachel Zegler, mas Gal Gadot, os Sete Anões e os problemas de ritmo e tom puxam o todo para baixo.





Branca de Neve

Ano: 2025

Direção: Marc Webb

Elenco: Rachel Zegler, Gal Gadot, Andrew Burnap, Andrew Barth Feldman, Jeremy Swift e Martin Klebba.


Respeitando a animação, Branca de Neve garante a magia com brilho de Rachel Zegler, apesar dos problemas muito evidentes.


Nota: 3/5

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Foto de Fabrício Girão, criador do AD

FEITO POR FABRÍCIO GIRÃO

@fabriciogiraob

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