top of page
  • Foto do escritorFabrício Girão

Crítica: Cruella

Emma Stone e Emma Thompson brilham com ótimas atuações em filme marcado pelo trabalho técnico impecável e pelo roteiro pouco inspirado.

Divulgação/Walt Disney Studios

Ela dispensa apresentações, sendo suficiente dizer que é mais traiçoeira que uma cascavel. Levou um bom tempo, mas Cruella de Vil está de volta às telas de cinema (e chega também nas telas do Disney Plus). Anunciado em 2013, o filme em live-action sinalizou que a Disney apostava na força de seus vilões para carregarem filmes em que eles são os protagonistas, antes mesmo do estrondoso sucesso de Malévola.





Nesta nova história, visitamos o passado para acompanharmos a série de eventos que levam a jovem Estella se tornar a calculista e vingativa Cruella. A trama se desenrola de forma bem lenta, e o início, que mostra a infância do personagem, é pouco atrativo e mais longo que o necessário, com uma narração que incomoda. É só quando Emma Stone entra em cena, quando Estella já é adulta, que o filme ganha tração.


Divulgação/Walt Disney Studios

O enredo gira em torno da disputa de Cruella contra a Baronesa (Emma Thompson), um ícone da moda fortemente estabelecido. Com seus visuais imponentes e deslumbrantes, pautados pela ousadia, Cruella ameaça o reinado da respeitada estilista, sendo apontada (por ela mesma) como o futuro, o novo, e ganhando destaque no cenário da moda.


Infelizmente, o roteiro do filme não ousa ser tão transgressor e inovador quanto a personagem, optando por uma construção previsível da trama, com soluções fáceis. Ainda no primeiro ato é possível prever a direção que a história irá seguir, ainda que algumas viradas pontuais possam surpreender.


Divulgação/Walt Disney Studios

A Batalha das Emmas


O primeiro grande destaque, e a razão principal para Cruella funcionar tão bem, é a entrega das atrizes Emma Stone e Emma Thompson. As duas exploram bem o lado caricato das personagens, Cruella com os ares de loucura, e a Baronesa com o tom de superioridade, o que funciona considerando que o filme se pauta pela extravagância. Elas comandam toda a atenção em suas cenas individuais, e quando estão juntas o filme tem seus melhores momentos.





Stone está fantástica como Cruella de Vil. Mesmo com um roteiro limitado, ela exibe parte de seu excelente alcance enquanto atriz, alternando as cenas da tímida e ressentida Estella com a loucura e sede de grandeza de Cruella. Ela é capaz de demonstrar como, aos poucos, a personagem vai dando mais espaço ao seu lado perverso.


Mas a grande surpresa do filme fica por conta de Thompson, que consegue criar uma figura capaz de bater de frente com uma das mais conhecidas vilãs da Disney. A Baronesa intimida e aterroriza com poucas palavras, nos moldes de Miranda Priestly, personagem de Meryl Streep em O Diabo Veste Prada.


Divulgação/Walt Disney Studios

Técnica Primorosa


Os aspectos técnicos colocam Cruella em um patamar bem acima da média dos filmes em live-action da Disney, especialmente os que adaptam histórias e personagens das animações. Tendo a moda como centro, era imprescindível que os figurinos do filme fossem, no mínimo, deslumbrantes. Mas o que a respeitada figurinista Jenny Beavan e sua equipe entregam no longa são figurinos brilhantes, capazes de refletir a personalidade dos personagens e de encher as cenas com cores, formas e texturas diferentes e ousadas.





Toda a ambientação da trama, que se passa na Londres dos anos 1970, também é executada com excelência. O compositor Nicholas Britell faz um trabalho interessantíssimo com a trilha sonora original, bem diferente da grande maioria de outros filmes em live-action da Disney, que possuem trilhas genéricas. Uma pena, no entanto, que as composições originais de Britell não consigam ter tanto destaque dada a enorme seleção de músicas que tocam durante o filme.


Cruella Cruel?


Apesar da trama não ser tão impressionante, as atuações e o trabalho técnico elevam Cruella a uma posição de destaque entre os remakes em live-action da Disney. A briga de gato e rato entre Cruella e Baronesa pode não ter o contexto mais profundo, mas diverte em um filme em que o visual não desaponta. Sem dar muitos detalhes, a Cruella de 2021 não é exatamente a vilã de versões anteriores, com grandes planos maléficos, mas também não é completamente boazinha.


O filme tem uma cena pós-créditos!



Cruella


Ano: 2021

Direção: Craig Gillespie

Elenco: Emma Stone, Emma Thompson, Joel Fry, Paul Walter Hauser, Kirby Howell-Baptiste.


Com trabalho técnico acima da média para os remakes em live-action da Disney, e com atuações memoráveis de Emma Stone e Emma Thompson, Cruella consegue entreter mesmo com trama pouco inspirada.



Nota: 4/5


bottom of page