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Em Elio, Pixar preenche o vazio da solidão com as cores e as maravilhas do espaço

  • Foto do escritor: Fabrício Girão
    Fabrício Girão
  • 17 de jun.
  • 4 min de leitura

Novo filme animado original chega aos cinemas após reformulação criativa e um ano de atraso, mas atinge o potencial criativo e emocional esperado do estúdio.

Divulgação/Pixar Animation Studios
Divulgação/Pixar Animation Studios

Se você acompanha o AD há algum tempo sabe que Elio, novo filme animado da Pixar que chega aos cinemas nesta quinta-feira (19), é um projeto que vem de uma longa caminhada. O filme foi anunciado durante a D23 Expo em 2022, com data de lançamento marcada para março de 2024, chegando aos cinemas antes mesmo de Divertida Mente 2.


No final de 2023, no entanto, Elio foi adiado em mais de um ano, para junho de 2025. A explicação dada no momento foi a greve de roteiristas e atores em Hollywood, que paralisou as produções de cinema e TV por meses. Mas o verdadeiro motivo para o atraso na estreia foi que, nos bastidores na Pixar, o filme passava por uma reformulação criativa completa, envolvendo inclusive a troca de diretores.


Para ajudar Adrian Molina em seu primeiro projeto como diretor principal, Domee Shi (Red: Crescer é uma Fera) e Madeline Sharafian (Toca) foram escolhidas para assumir a direção. Adrian então deixou o projeto, mas manteve o crédito na direção e na história. Mesmo com esse processo turbulento, é um alívio dizer que o novo filme da Pixar não transparece nada isso em tela.



Elio é uma aventura colorida e engraçada que vai muito além de uma simples viagem no espaço. É uma reflexão honesta sobre a solidão e sobre as transformações pessoais que acontecem quando encontramos um lugar onde nos sentimos valorizados e vistos por quem realmente somos.


O longa tem animação espetacular e leva do riso às lágrimas ao narrar a história de amizade entre o humano Elio Solís e o hylurgiano Glordon, duas crianças igualmente solitárias e incompreendidas que forjam uma amizade que muda suas vidas.


Divulgação/Pixar Animation Studios
Divulgação/Pixar Animation Studios


A solidão e o espaço


O que faz Elio funcionar tão bem é trabalhar de forma simples e direta duas frentes em que a Pixar sempre se destacou: trazer um visual de alto requinte que enche os olhos, e que aqui ganha ainda mais potências com as possibilidades infinitas do espaço, e enriquecer a história com uma carga emocional que reverbera no público.


Elio é, essencialmente, uma história sobre perda e solidão. A trama trata o isolamento involuntário e a vontade gigante de pertencer do protagonista com tanto cuidado que é impossível não se afeiçoar com ele logo de cara. Elio é tão fofo, tão frágil e tão incompreendido que vê-lo querendo apenas encontrar uma amizade verdadeira é de partir o coração.



Quando o filme coloca esses sentimentos pesados em contraponto com o brilho intenso do Comuniverso, a comunidade de espécies avançadas do universo onde Elio vai parar após ser abduzido, ele ilustra visualmente como o jovem protagonista passa a se descobrir como indivíduo ao se abrir para novas situações nesse novo mundo.


Tudo é muito vivo em Elio, e o filme se coloca como uma rara exceção atual em que assisti-lo em 3D se mostra uma grande experiência. A tecnologia valoriza a profundidade dos mundos criados no espaço e contribui de forma significativa com a imersão nesse universo colorido e brilhante criado com tanto detalhe pelos artistas na Pixar.


À medida em que Elio precisa ser seguro e firme de suas decisões para manter as aparências no espaço, ele pisa fora da zona de conforto pela primeira vez e amadurece para entender o quanto também precisa compreender o lado dos outros nas relações que ele está forjando.


A amizade e a família


Divulgação/Pixar Animation Studios
Divulgação/Pixar Animation Studios

Quando Elio conhece Glordon no Comuniverso, é como se eles sempre estivessem destinados a ser melhores amigos. Eles compartilham experiências enquanto crianças que não se sentem ouvidas pelos responsáveis (Glordon pelo pai, o terrível Lord Grigon, e Elio por sua Tia Olga, que o adotou após a morte de seus pais) e juntos se permitem fazer o que crianças fazem de melhor: explorar a curiosidade e se divertir por aí.


Juntos, eles rendem os momentos mais engraçados do longa e também os mais sinceros. É como se, mesmo diante de uma crise diplomática intergalática, a Pixar apontasse que olhar com a inocência e a simplicidade de uma criança ainda pode ser a melhor saída.



Se abrir com Glordon e ajudá-lo com o pai problemático é a virada de chave para que Elio repense como vê sua tia Olga. Aqui, a Pixar cria uma relação complexa e cheia de camadas ao colocar um órfão muito jovem processando o peso de uma perda tão significativa junto de uma major da força aérea, que é respeitada e que tem a vida dedicada à carreira, recebendo a guarda do sobrinho de surpresa e precisando encarar a realidade da maternidade.


Entre Elio e Olga está o verdadeiro coração do filme, e onde ele vai encontrar seu maior poder emocional. Mostrando que os dois têm dores e que precisam encontrar compreensão, sem julgamento, eles caminham para uma relação muito mais leve e honesta. É bonito de ver na tela e é de chorar como a Pixar geralmente faz.


Resultado estelar


Com o desenvolvimento problemático nos bastidores, Elio tinha tudo para ser uma história sem foco e cheia de remendos, mas não é nada disso. É mais um grande acerto original da Pixar nesta década, um que se junta particularmente a Luca e Red: Crescer é uma Fera como filmes que colocam a perspectiva infantil das crianças e seu olhar curioso para o mundo no protagonismo, mostrando os limites infinitos de suas imaginações e sonhos.


Elio trata a solidão e o vazio sentimental provocado pelo luto com seriedade e com inteligência emocional aguçada, propondo que há um caminho possível para se encontrar conexões e relações pautadas no respeito mútuo e no entendimento, mesmo que elas sejam com alienígenas.



Pôster oficial de Elio, da Pixar

Elio

Ano: 2025

Direção: Domee Shi, Madeline Sharafian e Adrian Molina.

Elenco: Yonas Kribeab, Remy Edgerly, Zoe Saldaña, Jameela Jamil e Brad Garrett.


Elio apresenta animação espetacular e inteligência emocional de sobra para abordar a solidão, preenchendo o vazio existencial com as maravilhas do espaço.


Nota: 4/5


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Foto de Fabrício Girão, criador do AD

FEITO POR FABRÍCIO GIRÃO

@fabriciogiraob

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