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Foto do escritorFabrício Girão

Crítica: Frozen II

Levando as irmãs Anna e Elsa para o desconhecido, Disney conta uma história madura sobre se descobrir em meio a mudanças inevitáveis.

Divulgação/Walt Disney Animation Studios

Dona de clássicos animados que marcaram gerações e a história do cinema, a Disney sempre teve dificuldade em transportar a magia de seus filmes para as sequências. As continuações de Aladdin, Cinderela e A Pequena Sereia são alguns exemplos dessas continuações que não conseguiram reproduzir o brilho do original.

Oficialmente, essas sequências não foram produzidas pelo estúdio que fez os filmes originais, a Disney Animation, mas por outra divisão dentro da companhia. Em toda sua história, a Disney Animation fez apenas 3 sequências de animação: Fantasia 2000, Bernardo e Bianca na Terra dos Cangurus e WiFi Ralph. A estreia de Frozen II marca a quarta sequência do estúdio e a primeira que é um musical nos moldes clássicos da Disney.

É nesse cenário de continuações tão pouco inspiradas que Frozen II se destaca, e muito. Seu maior acerto é não se limitar a reproduzir o que deu certo no filme original, criando suas próprias regras. Em 2013, a Disney não fazia ideia do tamanho que o fenômeno Frozen atingiria. Para garantir a satisfação do público mais uma vez, ela poderia escolher o caminho fácil e emular as características do primeiro, mas escolheu contar uma história mais madura e mais complexa, aceitando as consequências disso.


"O maior acerto de Frozen II é não se limitar a reproduzir o que deu certo no primeiro filme, criando suas próprias regras".

Anna e Elsa cresceram, e não foi só na idade. A rainha de Arendelle se tornou um pouco mais segura de si e não precisa esconder seus poderes. Já a princesa, está vivendo o que sempre sonhou, com os portões abertos e a companhia de sua irmã. De certa forma, o desejo das duas é que as coisas permaneçam exatamente como estão, no que parece ser o melhor momento de suas vidas.

Mas quando Elsa começa a ouvir um chamado misterioso e o reino é colocado em perigo, elas se juntam a Olaf, Kristoff e Sven e partem para uma Floresta Encantada, onde esperam encontrar respostas sobre o passado. A jornada na floresta, como o próprio filme deixa bem claro, é uma metáfora para o processo de autoconhecimento que os personagens experienciam.

E um dos melhores aspectos de Frozen II é, sem dúvidas, os seus personagens e as lições valiosas que eles transmitem em suas jornadas individuais. Anna mostra que o amor superprotetor pode impedir os outros de crescer. Elsa aprende que se preocupar primeiro com ela não a faz amar menos sua família. Kristoff, em um dos melhores momentos do filme, ensina aos meninos sobre ser honesto com seus sentimentos.


Divulgação/Walt Disney Animation Studios

Em termos de história e roteiro, Frozen II apresenta uma aventura grandiosa, com um enredo que envolve o passado de Arendelle, uma tribo da floresta, os espíritos da natureza e um rio mágico. Mesmo que sejam todas ideias interessantes, o roteiro não consegue dar conta de tanta informação e o ritmo do filme é bastante apressado. Isso prejudica as explicações e dificulta o entendimento de algumas motivações dos personagens.

As músicas, um dos principais elementos do primeiro filme, estão de volta. Não há uma nova Let it Go, mas as 7 novas canções não deixam nada a desejar em relação as anteriores. Ao invés de escolher uma construção genérica e letras excessivamente repetitivas, a dupla Robert e Kristen Anderson-Lopez optou por produções e arranjos mais sérios e letras mais complexas.


"Não há uma nova Let it Go, mas as 7 novas canções não deixam nada a desejar em relação as anteriores".

É impressionante a capacidade que as músicas de Frozen II tem ajudar a construir a história, muito mais que no primeiro filme. É primoroso como Se Encontrar, Minha Intuição e Vem Mostrar, que representam momentos muito distintos, conseguem conversar entre si e desenham perfeitamente a jornada de Elsa.

O visual do filme é um espetáculo. O cinema de animação tem se desenvolvido de forma tão acelerada que esse novo filme faz o anterior parecer muito mais antigo do que é. Certas cenas na natureza são de um realismo tamanho que parecem retiradas de um documentário. Mas são os poderes da Elsa que mais impressionam e fazem o filme ganhar ainda mais vida.

O tom é mais maduro, e até sombrio, e é ótimo ver a Disney se arriscando para atingir seu público mais velho de forma mais eficiente. Essa seriedade é equilibrada com o Olaf, que continua excelente e com piadas muito bem colocadas. Outro destaque são as cenas de ação, com um excelente trabalho de direção da dupla Lee e Buck, dando seguimento a essa tendência de transformar as princesas da Disney em super-heroínas.


A pressão em entregar uma continuação para o maior sucesso animado da história se traduziu em uma história madura e que se arrisca. Frozen II expande o legado do primeiro ao se permitir amadurecer.


Divulgação/Walt Disney Animation Studios

Frozen II

Ano: 2019

Direção: Jennifer Lee e Chris Buck

Elenco: Idina Menzel, Kristen Bell, Josh Gad, Jonathan Groff, Sterling K. Brown e Evan Rachel Wood.


Frozen II mostra que a franquia cresceu com seu público. Ao contar uma história de transformação, a Disney Animation entrega sua melhor sequência e ensina que mudar pode ser inevitável, mas não necessariamente ruim.


Nota: 4,5/5

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