Wes Ball traz novo olhar para o mundo dominado pelos macacos ao situar história séculos depois de Cesar, mas mantendo a grandeza visual.
Séculos após a morte de Cesar, as sociedades de macacos que viraram a espécie dominante na Terra se desenvolvem em comunidades distintas, cada uma com suas especificidades, chamadas de clãs. Em paralelo, os humanos são uma espécie quase extinta e de comportamento primitivo, além de muitos deles terem perdido a capacidade de falar.
É nesse cenário que o diretor Wes Ball estabelece os alicerces de seu reino em Planeta dos Macacos: O Reinado, filme que estreia nesta semana nos cinemas e que retoma uma das franquias de ficção-científica mais consagradas das telonas. Noa, protagonista interpretado com muito sentimento pelo ótimo Owen Teague, busca fazer justiça por seu clã e parte em uma jornada reveladora sobre o mundo ao redor dele.
De cara, o novo filme da 20th Century Studios não tem o mesmo impacto quase arrebatador dos filmes da mais recente trilogia, em especial O Confronto (2014) e A Guerra (2017). Mas a intensidade da ação, ainda que empolgante aqui, não é o centro das atenções e nem o foco dessa história. Ao colocar o caminho de Noa em rota de colisão com o poder Proximus Cesar (Kevin Durand), governante autodeclarado que construiu um reino para si, Wes Ball demonstra que a construção detalhada desse universo é o seu principal trunfo.
Planeta dos Macacos: O Reinado enriquece a mitologia da franquia ao explorar como os ideais de Cesar e a história da libertação e ascensão dos macacos se diluíram ao longo dos séculos, e como o legado dele foi deturpado para justificar a manutenção de um poder soberano. Para isso, ele exalta a preservação da memória, principalmente com a figura de Raka (Peter Macon), como elemento fundamental para o conhecimento da história.
Através dos olhos de Noa, personagem que desconhece muito do que veio antes dele e que está condicionado à vida rotineira com o clã, Wes Ball revela sua curiosidade aguçada ao apresentar um mundo que se reorganizou em meio às ruínas da civilização humana, mas que ainda guarda muito de seus antepassados.
Além disso, a escolha de posicionar os humanos como coadjuvantes e não como antagonistas revigora a trama ao delinear os conflitos já presentes entre as diferentes sociedades dos macacos. Nova (Freya Allan) é uma das humanas mais interessantes já apresentadas na franquia, se juntando a Noa em sua saga e carregando uma parcela considerável de segredos.
Como esperado, o visual do filme é de fato um de seus grandes destaques. É um trabalho tão exímio que nem parece fruto de efeitos visuais de ponta e de captura de performance, por ser tudo muito crível. Somado a isso, o longa ainda explora uma variedade de novos ambientes, apresentados com uma fotografia que os situa na grandeza e na beleza dos cenários e na intimidade dos momentos de revelação.
Como citado anteriormente, há também um bom trabalho na construção da ação e é difícil não se empolgar as sementes plantadas pelo desenrolar da história, que indicam um possível futuro intrigante para a franquia.
Planeta dos Macacos: O Reinado
Ano: 2024
Direção: Wes Ball
Elenco: Owen Teague, Freya Allan, Peter Macon, Kevin Durand e William H. Macy.
Em mais um grande espetáculo visual, Planeta dos Macacos: O Reinado enriquece a franquia ao discutir o legado de Cesar e o passado de humanos e macacos com curiosidade de sobra.
Nota: 4/5
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