Thunderbolts* recupera sensação do auge do MCU com abordagem moderna sobre saúde mental
- Fabrício Girão
- 4 de mai.
- 3 min de leitura
Equipe com personagens improváveis é protagonista do novo filme da Marvel Studios, que surpreende com a discussão sobre isolamento e depressão.

Assistir Thunderbolts*, filme da Marvel Studios que chegou aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (01), é ter de volta a sensação de empolgação que o Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) causava em seu auge absoluto, em meados dos anos 2010. Ao contrário do que muito se repete por aí, não é como se o estúdio não tivesse entregado ótimos filmes desde o ápice em Vingadores: Ultimato, como Guardiões da Galáxia: Volume 3, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre e Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis. Mas, mesmo entre esses, poucos conseguem executar tão bem suas ideias como Thunderbolts*.
O filme de Jake Schreier parte de uma premissa simples, que gerou comparações com o Esquadrão Suicida, da DC Comics: um grupo de figuras à margem da lei precisa trabalhar em conjunto para enfrentar um inimigo em comum, depois que um acontecimento cruza seus caminhos solitários.
É aí que Yelena (Florence Pugh), Soldado Invernal (Sebastian Stan), Guardião Vermelho (David Harbour), Fantasma (Hannah John-Kamen), Agente Americano (Wyatt Russell) e Bob (Lewis Pullman) se reúnem como a equipe mais improvável da Marvel nas telonas até aqui, talvez até mais que os Guardiões da Galáxia em 2014.

O que faz Thunderbolts* ser uma experiência tão boa é um jogo duplo que funciona de forma até surpreendente. Ele é, em parte, um filme da Marvel Studios à moda antiga, que tem consciência de que estabelecer uma conexão genuína com as emoções desses personagens é tão fundamental quanto as excelentes cenas de ação com coreografias elaboradas e uso de efeitos visuais. Além disso, o longa vem acompanhado de uma roupagem moderna que traz uma discussão sobre isolamento, solidão e depressão com bastante humanidade.
Quem encabeça a profundidade temática do filme é justamente Yelena, que vem se sentindo isolada do mundo e que se encontra mergulhada no vazio provocado por sua vida repleta de traumas. Enquanto revive o passado de forma dolorosa, ela se encontra à beira do precipício emocional em que muitos de nós já estivemos, onde a vida perdeu a cor e tudo parece sem propósito. Florence Pugh dá vida à heroína com bastante força, e seus momentos mais dramáticos são carregados de emoção e nuance. Mesmo com pouco tempo até aqui, Yelena já é uma das personagens mais interessantes do MCU.
Do outro lado dessa discussão sobre o adoecimento mental está Bob, cujos traumas o levaram para um caminho igualmente sombrio e igualmente cheio de arrependimentos. As personas superpoderosas dele são um reflexo direto dessa luta interna com nossas partes mais sombrias, e trazer o personagem para esse filme em específico foi uma escolha muito acertada, por casar bem com a temática.

Outra razão para Thunderbolts* funcionar tão bem é a química gerada entre o grupo. As personalidades se complementam, o humor entre eles traz a leveza para um roteiro marcado por uma discussão mais sóbria e o restante do elenco traz suas competências para humanizar até os personagens mais detestáveis. No fim das contas, você se vê torcendo por essa equipe disfuncional que ninguém apostava que poderia funcionar tão bem.
Thunderbolts* é um exemplo do MCU no seu melhor, com uma história verdadeiramente empolgante e com uma forte carga emocional sobre como a coletividade pode nos salvar. O longa tem muita responsabilidade ao abordar saúde mental na perspectiva dessas pessoas superpoderosas, e impressiona com o visual arrojado e com a ação bem executada.

Thunderbolts*
Ano: 2025
Direção: Jake Schreier
Elenco: Florence Pugh, Sebastian Stan, Lewis Pullman, David Harbour, Hannah John-Kamen, Wyatt Russell e Julia Louis-Dreyfus.
Liderado pela excelente Florence Pugh, Thunderbolts* traz de volta a empolgação do auge do MCU.
Nota: 4.5/5
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