Como Treinar o Seu Dragão coloca fidelidade como lei e ostenta um visual de dar inveja - Crítica do Almanaque Disney
- Fabrício Girão
- há 2 dias
- 4 min de leitura
Primeiro remake em live-action de uma animação da Dreamworks chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, pela Universal Pictures.

Não é exatamente novo escrever aqui sobre um filme que chega aos cinemas e que é uma adaptação em live-action de uma animação querida pelo público e aclamada pela crítica especializada. Mas é certamente novo fazer isso para um filme que não é da Disney.
Nesta quinta-feira (12) a Universal Pictures se rende à tendência popularizada pelo estúdio do Mickey Mouse ao refazer pela primeira vez uma das animações mais populares da Dreamworks Animation, o estúdio que mais conseguiu fazer frente à Disney: Como Treinar o Seu Dragão.
E como eu falei um pouco no texto sobre Lilo & Stitch, essa resenha evita a discussão repetida de se esse filme deveria existir ou não. Diferente da abordagem da Disney, no entanto, o remake da primeira aventura entre Soluço e Banguela já chama atenção por um detalhe crucial em sua existência: o retorno do diretor de Dean DeBlois, responsável por comandar a trilogia animada original.
Como Treinar o Seu Dragão é um remake que segue à risca a animação, tendo a fidelidade precisa como seu norte. Por um lado, isso garante que ele consiga alçar os mesmos voos do filme animado. Por outro, deixa a história sem muitas novidades que possam surpreender o público. Sabendo que não vai ousar pelo o novo (e estando em paz com isso), o longa se compromete então a entregar uma experiência visual e sensorial altamente sofisticada, que faz esse novo passeio de dragão ser tão bom quanto a primeira vez.

Elenco de primeira
Antes de chegar no visual, é importante destacar uma peça fundamental no sucesso desse remake, algo que ajudou a grande maioria dos live-actions da Disney (vai ser difícil não fazer comparações) durante a fase mais bem sucedida da empreitada, que é a escolha do elenco.
Mason Thames e Nico Parker estão tão fantásticos como Soluço e Astrid que o filme valeria só por eles. É o caso de atores que se adequam tão bem aos personagens que parece que sempre interpretaram eles. Mason traz a inocência e a coragem silenciosa de Soluço, e Nico impõe presença em tela como Astrid. Eles combinam com os personagens na essência, na postura, em algo que vai além da interpretação.
Nick Frost tem carisma de sobra como Bocão, que já era um personagem super querido na animação, e que vem para live-action sem que o lado mais caricato dele pareça irreal. Na verdade, há muito coração nele. Como bônus, Gerard Butler reprisa o papel de Stoico e traz a força gigante do personagem para a nova versão, encontrando a mesma profundidade emocional nos momentos dele com Soluço.

Visual de invejar
Como comentei ali no início, Como Treinar o Seu Dragão é um remake extremamente fiel à animação. E com isso, quero dizer que boa parte das cenas são reproduções exatas do filme de 2010, com as mesmas falas e até os mesmos enquadramentos da câmera. Há algumas novidades, mas nada de substancial que altere drasticamente os rumos da história com alguma surpresa.
De certa forma, jogar no seguro faz com que esse novo filme reproduza as mesmas notas do primeiro, que resultaram em uma das grandes animações da década passada. Seguindo o checklist, os momentos mais tocantes entre os personagens provocam as mesmas emoções de arrepio e de deslumbre, como na cena em que Banguela e Soluço voam juntos ao som de Test Drive, uma das grandes composições de John Powell.
E aí vem o verdadeiro trunfo. Dean DeBlois parece bem autoconsciente de que esse remake não vai convencer pela novidade, então ele e sua equipe investem pesado em fazer com que ele seja um estouro visual, e eles o fazem com louvor. Notar o cuidado e o nível de detalhe para trazer Berk à vida, dos sets imersivos, às locações reais e aos figurinos impressionantes, torna uma experiência impressionante.
Somado a isso, o visual dos dragões e o investimento em efeitos visuais nas cenas com eles criam alguns dos momentos mais extraordinárias do cinema em 2025 até aqui, com um nível muito sofisticado de qualidade nas texturas e movimentos das criaturas, especialmente Banguela, que daria orgulho aos dragões de Game of Thrones e A Casa do Dragão. E esse esmero visual, de realmente criar um conjunto visual que seja robusto e que não seja apenas ok ou passável, é algo que boa parte dos remakes da Disney não pode se orgulhar.
Voando pra Berk
Ainda saí do cinema com a sensação de que gostaria de ter visto algo de novo, para justificar a existência desse remake para além de rever Soluço e Banguela de uma outra forma, mas o nível de excêlencia promovido pelos atores e pela equipe que ajudou a trazer Berk da animação para live-action, somados com a direção firme de Dean DeBlois, tornam o novo Como Treinar Seu Dragão uma experiência bem emocionante, digna do filme que o inspirou.

Como Treinar o Seu Dragão
Ano: 2025
Direção: Dean DeBlois
Elenco: Mason Thames, Nico Parker, Gerard Butler, Nick Frost, Gabriel Howell, Julian Dennison, Bronwyn James e Harry Trevaldwyn.
Como Treinar Seu Dragão abre mão da novidade mas compensa com visuais muito robustos e um elenco de primeira.
Nota: 4/5
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